Nota do Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFSC em defesa das humanidades e da universidade pública

07/05/2019 13:23

Os professores do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina manifestam seu veemente repúdio às declarações do presidente da República e do ministro da Educação pela “descentralização de investimentos em faculdades de Filosofia e Sociologia (humanas)”, com vistas a “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”. Somadas ao anúncio do corte de 30% no orçamento das universidades públicas em 2019, as declarações compõem um movimento de ataque à liberdade de pensamento e à autonomia universitária que atinge as Instituições Federais de Ensino Superior em todas as áreas de conhecimento.

Criado em 1970, o Departamento já contribuiu com a educação de milhares de estudantes de graduação, mestrado e doutorado. O curso de Ciências Sociais, oferecido em conjunto com o Departamento de Antropologia, já formou 1.309 egressos, que hoje atuam como docentes, técnicos ou pesquisadores em todo o país, nas mais variadas atividades profissionais. O Departamento de Sociologia e Ciência Política ainda oferta disciplinas para formação integral de estudantes em outros 10 cursos, de especialidades tão distintas quanto a odontologia ou as relações internacionais, a economia ou o design. Assim como no ensino, o Departamento tem extensa e qualificada produção em pesquisa e em extensão.

As declarações das autoridade não refletem apenas desconhecimento do papel, do alcance e da relevância das humanidades; compõem também um ataque hostil, do governo e de parte de seus apoiadores, às universidades públicas, patrimônio dos brasileiros. Nelas se faz a maior parte da produção científica do país, produzindo conhecimento novo e útil para cidadãos, empresas, organizações, governos. Desse modo, os professores do Departamento de Sociologia e Ciência Política se unem a instituições de ensino, associações de docentes e pesquisadores de diversas áreas de conhecimento em defesa do incremento nos investimentos no ensino superior, da valorização da universidade pública em sua autonomia, da liberdade de cátedra e do direito à pluralidade de pensamento.